Últimas leituras #2

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Ando com preguiça problemas para falar de livros individualmente, então vai um outro resumão dos livros lidos em agosto. E esse mês rendeu!
(Eu quase não falo da sinopse dos livros. Se quiser saber mais, dá um google aí)

Precisamos de Novos Nomes – NoViolet Bulawayo: Editora Biblioteca Azul, 2014

Passado no Zimbábue, o livro conta a história de algumas crianças que anseiam por uma mudança de vida, uma ida sem volta para o Glorioso EUA, ou até mesmo para o bairro vizinho habitado por pessoas brancas. Mesmo com as aventuras desses amigos(Bastard, Chipo, Godknows, Sbho e Stina), metade do livro acompanha mesmo é a vida de Darling, a protagonista-narradora. O então sonhado dia de morar na América chega e “ela terá de enfrentar o frio, a saudade de sua família e de seus amigos e a adaptação nesse país que nunca vai se tornar o seu país de fato, mas que mudará seu sotaque, moldará o olhar do mundo e a afastará, irremediavelmente, de sua terra natal”.
Contado em primeira pessoa, a narrativa é bem frenética e peculiar. Os diálogos não são identificados, são no meio das frases e isso faz com que a leitura seja dinâmica e ao mesmo tempo confusa. O legal do livro é que todos os tópicos considerados “africanos”, ou seja, tudo aquilo que a imprensa ocidental reafirma dos países do continente africano, estão contados em uma visão diferente por uma voz inocente e cruel de uma criança que vive aquilo de verdade.

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O primeiro homem mau – Miranda July: Editora Companhia das Letras, 2015 

Não sei nem por onde começar a falar desse livro. Ele é cínico, extrapola o convencional. É bem performático, assim como acho que a autora é. Mas eu não achei nada demais, não sei se porque esperava uma outra coisa do enredo. Tem lesbianismo, tem mulé independente, neurótica, espírito materno, obsessão sexual, defesa pessoal… é muita coisa misturada. Dei três estrelas no skoob mais pelo final, pelo inesperado (em uma história, mas não NESSA história, entende?) e alguns pontos do livro, do que pelo meu aproveitamento da leitura. Então é isso.

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Caixa de Pássaros – Josh Malerman: Editora Instrinseca, 2015

O livro é sobre uma criatura que, se você apenas olhar, se suicida, podendo até a fazer coisas terríveis com quem estiver com você. Temos então protagonista que é legal porém nem tanto, o gênio querendo salvar o mundo, o bobão etc. Mas apenas UOU para esse livro. Vi crítica negativa, sim, falando que era clichê e etc. Mas imaginei mil coisas sobre ele. Não saber quem é “a coisa” faz você refletir se não era tudo imaginação das pessoas, se era o próprio medo que as fazia agir assim, mil e uma possibilidades. Poderia ter explicado mais sobre o inicio de tudo, mas quem sabe nao fazia parte do mistério? Foi uma das leituras mais prazerosas do mês e eu senti medo, sim.

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A invenção de Hugo Cabret  – Brian Selznick: Editora SM, ano 2007

Literafofura da vez. Ilustrações belíssimas e personagens com uma doçura e inocência de encher o coração. É um livro infanto-juvenil e fala de amizade, carinho, solidão e determinação. Hugo, órfão de pai e mãe e aturado por um tio bêbado, se vê sozinho tentando correr atrás de uma última lembrança do seu pai. Com isso, ele faz uma amiga e conhece uma família, além de aventuras legais. O livro é bem cinematográfico (além da ambientação, há muitos filmes citados) e acredito que a adaptação para o cinema deve ser lindíssima, espero ver logo. É uma leitura bem rápida e gostosa.

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A outra face – Sidney Sheldon: Editora Círculo do livro, 1970

Não sei o que pensar, apenas sentir: detestei. Judd Stevens, psicanalista de prestígio, vê-se subitamente envolvido numa sucessão de crimes que precisa desvendar. Entre os suspeitos estão pessoas completamente clichês e previsíveis. Um momento logo no início eu já sabia quem era o assassino, mas isso não foi o pior. A primeira a ser assassinada é sua secretária, uma menina que ele ajudou anos antes quando ela se prostituía e tinha apenas 16 anos. Essa menina era negra, o autor fez questão de citar isso em vários momentos, ele deu destaque no primeiro capítulo a ela, a história dos dois, e pra quê? É uma das coisas que não dá para entender, a outra é o motivo do crime. Estou revoltada com uma coisa tão boba e mal construída. Aí eu tento me acalmar e levar em conta que 1)1970 2)Primeiro livro do autor.

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Mulheres ~ Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade – Carol Rossetti: Editora Sextante, 2015

Outra literafofura. Já acompanhava o projeto na página do facebook e fiquei feliz pela autora. Esse projeto é lindo e fala de mulheres reais, com problemas reais. Acho que muita gente se sentiu representada (não é a toa a repercussão de tudo) e isso é poderoso demais. O livro tem dedicação e carinho, é visível todo o cuidado na montagem dele. Não foram só as imagens jogadas, sabe? Desde a introdução no inicio dos capítulos até a contracapa é amor puro ❤

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Rio Negro, 50 – Nei Lopes: Editora Record, 2015

O Bar Rio Negro é o epicentro da vida intelectual dos “homens de cor” no Rio de Janeiro, e onde somos apresentados a diversos ~mesmo~ personagens. A partir desse microcosmo da então capital da República, em que personagens da história brasileira, como Dolores Duran e Abdias Nascimento, se cruzam nas criações ficcionais de Nei Lopes, percorremos uma década decisiva da cidade do Rio de Janeiro e da afirmação da cultura afro-brasileira. É, ao mesmo tempo, triste e bom ler algo sobre os negros antigamente, tanto no Brasil quanto fora. Por se passar no Rio de Janeiro, o livro foi mais especial para mim, por ser a cidade onde moro, ruas que passo quase todo dia, nomes de lugares que ouço sempre. É completamente gratificante ouvir nomes que fundaram o samba, a construção das escolas de samba, dos morros e ter minha cor como protagonista. Claro que os casos de racismo relatados entristecem e com isso vemos que hoje em dia não mudou muita coisa, que a população marginalizada e segregada é a negra, mas dá uma força para lutar. A narrativa do livro é gostosa, mas não me fisgou completamente, tive que trabalhar a memoria em vários momentos, principalmente em relação aos personagens que são muitos, pois todos são protagonistas.

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Seconds ~ A Graphic Novel – Bryan Lee O’ Malley: Editora Ballantine Books, 2014

Por ultimo, mas não menos importante, a HQ do meu coração. Sério, como pode? Caiu do céu essa leitura, estava passando por um momento tristíssimo, onde nenhum livro me agradava. Até choraminguei por aqui. Estou curada.
Esse é o mesmo autor de Scott Pilgrim, uma trilogia que virou filme e eu tinha ranço. Aí um belo dia dei de cara com Seconds e comprei sem ter medo do dólar.
Dona de um restaurante e com vinte e poucos anos, Katie encontra uma aparição que dá a ela segunda chance no amor e de consertar coisas que deram erradas. É divertido e reflexivo. Até onde você iria para consertar seu erros? Livro que leria sempre em momentos obscuros da vida.

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Um Comentário

  1. Pingback: 7 livros sobre imigração para ler | Livro do dia

  2. E o livro que mais me chamou atenção pelo título você disse que esperava mais hahaha Tudo bem, tudo bem, lidarei com isso.
    Que mês proveitoso, menina! Fiquei com vontade de ler “Mulheres ~ Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade – Carol Rossetti” e “Seconds”. Os dois parecem ser amorzinho de mais. ❤ Já quero.

    • Acontece né hahah Mas não se deixei influenciar e leia porque as opiniões são sempre diferentes, nem que seja em apenas alguns pontos 🙂
      Os outros são realmente amorzinhos demais. Leia, pois vale a pena.
      beijos

  3. Oi =)
    Sidney Sheldon é um dos meus escritores favoritos. Foi por causa dele que comecei a me aventurar no universo da leitura, adoro ver que ainda existem pessoas que leem ele.
    Caixa de Pássaros, é um livro que está na minha lista há muito tempo, mas ainda não tive a oportunidade de ler.

    Beijos de Luz,
    Marinah | Meu Doce Apartamento – Literatura, Culinária, Caseirices e muito amor!

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